segunda-feira, 1 de dezembro de 2014



Miguel Rio Branco


A noite já comeu meu sono
e tudo que é você paira feito não sei o quê de seu nome.
Circula pela casa.

Seu nome presença irritante na sombra da parede.
Descascada parede descascando o nome.
Bate lá no fundo gotejando na pia, grave.
Da cozinha escuto-o no silêncio da sala,
bate a porta, abre a janela,
da sala passa o vento sussurrando seu nome no quarto,
pelo corredor ao meio, sem porta, passa
irritando a luz acesa do banheiro,
projetado nome feito presença na parede em sombra
e tudo é só o corredor,
a luz descascada,
a sombra irritada
e seu nome gotejando na parede.

A noite devora meu sono.